Podemos dividir a Cielo em duas fases, antes e depois de 2016. Até 2016, era uma empresa que detinha o monopólio das maquininhas de cartão de cartão de crédito juntamente com a Redecard.
Ambas possuíam contrato de exclusividade com a Visa e Mastercard, respectivamente. Representavam 92% do mercado de cartões de crédito e 95% do mercado de cartões de débito. A partir de 2016, os impactos da regulação estabelecida em 2008/2009 começaram a ser sentidos e o share das duas, em conjunto, já era 89% na função crédito, 73% na função débito. Hoje, o share já é 70% (crédito e débito).
Muita coisa aconteceu nesse ínterim, como a própria incorporação da Redecard no balanço do Itaú (via OPA) em 2012, antecipando esse movimento de perda de share e redução de rentabilidade, tentando suavizar os resultados do grupo com o cross-selling.
O fato é que, com a concentração das adquirentes, o profit pool das operações sempre ficou nas mãos da Cielo e da Redecard, que, não por acaso, entregavam uma rentabilidade crescente, receitas perene, distribuindo dividendos parrudos. O sonho de qualquer investidor!
Se a gente tentasse ver, no entanto, “por entre prédios e nós”, poderíamos perceber quão frágil era esse monopólio. Tanto é verdade que, com o fim do acordo comercial e a assinatura do TCC (Termo de Compromisso de Cessação de Prática), o monopólio não só foi ameaçado como ruiu completamente alguns anos depois, acompanhado pela queda vertiginosa das cotações da CIEL3.
Hoje existe competição bem maior entre as maquinetas e o ambiente de negócios é outro. Há quem diga que se trata de um mercado em que o lucro econômico é 0. Somente o futuro dirá.
O fato e a grande lição: certifique-se de que o business no qual está colocando seu dinheiro tenha barreiras de entradas reais, que não dependam, por exemplo, de “canetadas”, por assim dizer. A perda de capital, no caso da Cielo, foi permanente (pelo menos em parte), dado a mudança estrutural do setor.
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