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Finanças Pessoais

23 de junho de 2021

5 Minutos de leitura

Guia de Asset Allocation para iniciantes – Parte 1

Mesmo se você é novo no mundo dos investimentos já deve saber alguns dos princípios básicos de um bom investimento. Como você aprendeu? Provavelmente com experiência que em nada se parecem com o mercado financeiro.

Por exemplo, você já notou que vendedores informais normalmente vendem coisas que não tem nada a ver uma com a outra – como guarda-chuvas e óculos de sol? Inicialmente isso pode parecer esquisito, uma vez que provavelmente ninguém compraria os dois ao mesmo tempo – E o ponto é exatamente esse. Vendedores informais sabem que quando está chovendo é mais fácil vender guarda-chuvas e mais difícil vender óculos de sol. Quando está ensolarado o inverso é verdadeiro. Vendendo os dois produtos – em outras palavras, diversificando a linha de produtos – o vendedor reduz o risco de perder dinheiro em determinado dia.

Se isso fez algum sentido, você começou a entender a importância de um asset allocation e diversificação entre classes de ativos.

 

O que é asset allocation?

 

O asset allocation envolve dividir os investimentos de um portfólio entre classes de ativos, como ações, renda fixa, commodities, fundos multimercados etc. O processo de decidir qual a combinação dessas classes é uma decisão muito pessoal e depende muito de seus objetivos e perfil de risco. O asset allocation que melhor irá lhe servir depende muito do seu horizonte de investimentos e tolerância ao risco.

 

Horizonte de investimento

Seu horizonte de investimento é sua expectativa de meses, anos ou décadas em que você estará investindo para alcançar determinado objetivo financeiro. Um investidor com um horizonte mais longo pode ficar mais confortável em alocar em ativos mais arriscados ou voláteis porquê ele poderá passar por ciclos econômicos difíceis e pelas inevitáveis quedas de mercado. Em contrapartida, o investidor que está poupando para comprar um apartamento daqui a 3 anos não pode expor tanto o seu portfólio à volatilidade do mercado.

 

Tolerância ao risco

A sua tolerância ao risco será sua habilidade e desejo de perder parte do seu investimento em troca de uma expectativa de retorno maior no futuro. Um investidor agressivo, ou um investidor com alta tolerância ao risco, é mais provável a aceitar maior volatilidade nos seus retornos de curto prazo para ter uma expectativa maior de retornos. Um investidor conservador, ou com pouco tolerância ao risco, tende a preferir investimentos que mantenham seu investimento original. Investidores com perfil conservador preferem um passarinho na mão do que dois voando.

 

Risco x retorno

Quando se trata de investimentos, risco e retorno estão intrinsecamente envolvidos. Provavelmente você já escutou a frase “Sem dores, sem ganhos” – e a lógica é muito parecida com o risco e o retorno. Todo investimento envolve algum grau de risco, se você investe ou pretende investir deve ter ciência que pode perder parte ou todo o seu investimento inicial.

A recompensa por tomar esse risco é um potencial maior de retorno. Para ilustrar: Um CDB do banco Itaú paga muito menos do que de um banco médio porque a chance de você perder dinheiro no banco médio é muito maior. Se você tem um horizonte de investimento de um prazo bastante longo, você tem mais chance de fazer dinheiro investindo em classes de ativos com maior risco, como ações, do que investindo em ativos com baixo risco, como CDBs e caderneta de poupança. Em contrapartida, investir somente em ativos de baixo risco pode ser a melhor alternativa para objetivos de curto prazo.

 

E por que o Asset Allocation é tão importante?

Ao incluir classes de ativos que se movimentam de forma diferente sob diferentes condições macroeconômicas dentro de um portfólio, o investidor pode proteger seu patrimônio de grandes perdas. Historicamente, o retorno das principais classes de ativos não subiu ou caiu ao mesmo tempo. Condições de mercado que normalmente fazem uma classe subir, pode fazer a outra cair e vice-versa. Investindo em diversas classes, o investidor consegue reduzir o risco de perder dinheiro e o portfólio irá balançar de forma mais tranquila. Se uma classe de ativo cai, você terá outra classe que irá subir e a sua carteira será mais balanceada.

Costumamos dizer que um portfólio funciona como uma embarcação. Se durante uma tempestade todos os passageiros correm para o mesmo lado, a chance dele tombar será bem maior.

Em adição, o asset allocation também é importante para lhe ajudar a alcançar seus objetivos futuros. Se você não incluir risco suficiente em seu portfólio, seus investimentos podem não atingir o retorno necessário para seu objetivo. Por exemplo, se você está poupando para um objetivo de longo prazo como uma aposentadoria, a maioria dos planejadores financeiros irá concordar que você deve incluir ações ou fundos de ações dentro de sua carteira. Por outro lado, se você aloca risco excessivo em sua carteira, o dinheiro que você irá precisar pode não estar mais lá quando o seu tempo chegar. Um portfólio altamente concentrado em ações ou fundos de ações, por exemplo, não deve ser recomendado para quem está com um objetivo de curto prazo, como uma viagem em família.

 

Neste texto focamos em elucidar a importância de um portfólio bem distribuído em classes de ativos, bem como ter claro os objetivos financeiros de longo prazo. Na parte 2 iremos comentar um pouco das classes de ativos disponíveis no Brasil e como você deve começar a pensar em montar seu portfólio e de sua família.

Até a próxima.

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