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Investimentos

29 de março de 2021

5 Minutos de leitura

Fundos Quantitativos

No mundo dos gestores de recursos, os investimentos normalmente são geridos por um gestor, responsável por tomar as decisões do fundo, auxiliado por seus analistas que estudam os ativos nos quais o gestor deve alocar o patrimônio do fundo.

Em um fundo quant, essa dinâmica é diferente.

 

Então, o que são os fundos quant?

Um fundo quant nada mais é do que um fundo que utiliza de modelos matemáticos para a tomada de decisão. Nesses fundos, a equipe de gestão, normalmente chamada de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), tem a função de desenvolver diversos algoritmos que determinem e executem os investimentos do fundo fazendo uso da tecnologia para analisar um imenso volume de dados, buscar padrões e a partir disso operar ativos financeiros.

Portanto, a decisão de compra e venda de ativos é feita de forma automatizada e sistemática, levando algumas pessoas a chamarem também de fundos sistemáticos.

Esses fundos, embora ainda incipientes no Brasil, já são parte relevante do mercado de hedge funds americanos, sendo os algoritmos responsáveis por 1/4 das operações de ações nos Estados Unidos.

 

Como são feitos esses algoritmos?

Evidentemente, cada gestora tem seu processo desenhado, mas, em linhas gerais, os algoritmos são feitos da seguinte forma:

  1. Pesquisa: Uma equipe de cientistas de dados focada na estruturação dos dados históricos de mercado para analisar diferentes tipos de informação e identificar possíveis sinais de compra ou venda que possam ser utilizados pelos algoritmos.
  2. Modelagem: baseado nos dados e pesquisas, a equipe procura montar uma estratégia de investimentos sem viéses sobre quais as melhores regras ou variáveis.
  3. Backtest: Nessa etapa o gestor testa se a estratégia desenvolvida realmente teria funcionado no passado.
  4. Execução: Uma vez programado o algoritmo, a decisão de compra e venda é feita sistematicamente pelo programa, não havendo mais envolvimento humano no processo de investimento.

 

Na prática

Para ficar mais claro como um fundo quantitativo realmente se comporta no dia a dia, resolvemos pegar emprestado um modelo de uma gestora especialista nesse tipo de fundo, a Kadima Asset:

 

Fonte: Kadima Asset Management

 

Nesse exemplo bastante simplificado, feito apenas para fins didáticos, a equipe notou que se o dólar estiver com um preço maior do que há 60 dias atrás, a tendência era que ele continuasse subindo e que o inverso seria verdadeiro. Sendo assim, cria-se um conjunto de regras para explorar o padrão identificado, passando o fundo a operar de maneira automática com base nas regras predefinidas.

 

Vantagens deste tipo de gestão

  1. Capacidade elevada de análise de informações: O trabalho do gestor tradicional tem se tornado mais difícil com o crescimento exponencial da quantidade de informações disponíveis. Diariamente são criados 2,5 quintilhões de bytes no mundo, se tornando humanamente impossível de processar tanta informação no cérebro.
  2. Menores vieses cognitivos: A máquina não acorda de mal humor, não tem medo em momentos de crise, não sente pressão e não fica cansada. Ela irá executar o que já tinha sido predefinido independente de qualquer coisa.
  3. Menor subjetividade: Em um fundo de gestão tradicional há uma grande subjetividade em torno das próximas decisões que o gestor irá tomar, dependendo muito da “genialidade” do gestor. Em fundos quantitativos, como o conjunto de regras do algoritmo é pré-definido, se torna bem mais fácil de identificar como o fundo se comportará em diversos cenários.

 

Os fundos quantitativos são uma classe?

Aqui na Åpen, acreditamos que não. Existem diversos tipos de estratégias quantitativas, sendo essencial saber que tipo de estratégia esse fundo segue.

Existem fundos quantitativos focados em ações, outros em modelos de trend following de curto prazo, long & short. Comparar todos os fundos quantitativos como se todos seguissem a mesma estratégia é comparar “bananas com laranjas”.

A maior diferença entre um fundo quant e um de gestão discricionária é a forma de tomada de decisão, não se traduzindo em uma estratégia específica. Exemplo: Um fundo quantitativo de ações deve ser comparado com outro fundo de ações, independente de ser quantitativo ou discricionário. Em um paralelo: Não classificamos fundos pela tomada de decisão ser feita por apenas um gestor ou vários gestores, por que devemos classificar fundos que a decisão vem de algoritmos?

Esses fundos vieram para ficar e, no futuro, deixarão de ser chamados de “fundos quantitativos” e passarão a ser chamados apenas de “fundos”.

Qualquer dúvida, estamos à disposição por meio da caixa de comentário.

Até a próxima.

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