“Eu não estou interessado
Em nenhuma teoria
Em nenhuma fantasia
Nem no algo mais
Nem em tinta pro meu rosto
Oba-oba, ou melodia
Para acompanhar bocejos
Sonhos matinais”
(Belchior – Alucinação)
E aí, doeu? Tá tudo bem por aí?
Para todos aqueles que estão passando por isso pela primeira vez: Faz parte. Tenha calma. Os riscos, estes sempre existiram, sempre vão existir. O risco fiscal aumentou somente essa semana ou já existia desde a proposta (tão inovadora quanto a invenção da… bicicleta) dos precatórios para aumentar o programa Bolsa Família (Acho que estou tendo um deja vu e vocês?)
Será que a inflação, ou o fantasma dela, começou a existir da semana passada para cá, ou aquela redução de dívida bruta/PIB de 90 % a 82% não queria nos dizer alguma coisa? (nominalmente menor, mas provavelmente semelhante em termos reais – dica: deve ter reduzido por conta da inflação!).
Será que esse movimento de inflação global que vemos hoje, conforme provocado por Howard Marks em seu último memo, não é one-off e ocorre muito em função do choque de ofertas? Muita gente sem produzir durante alguns meses, é natural que haja esse hiato entre consumo e produção.
Todas essas são perguntas sem respostas, desculpe frustrar o leitor. A única garantia que posso te dar é: Os riscos (ah, os riscos) eles sempre estiveram ali. E você só começa a percebê-los quando eles começam a fazer preço. Teoria da Reflexividade que chama, né?! Eterno moto-contínuo, quanto mais o preço cai, mais parece que o fundamento… Se esvai!
A queda do Ibovespa não representa da melhor forma a queda no valor de muitas ações, em especial aquelas de mais baixo valor de mercado. Algumas ações caíram mais de 40%. Os IPOS, coitados. Estes sofreram um bocado. Curva de juros inclinou bastante, uma preocupação antecipada com a inflação vindo bem alta.
Alguém lembra que a vida funcionava com SELIC a 14%?
Não. Não quero negligenciar os riscos, nem propor pretensa normalidade com SELIC a 14% (alguém já viu as taxas de juros globais e quanto o Brasil está negociando acima da média na curva de juros mais longa?). Ajudo (Mexico em branco, Peru em Amarelo, USA em verde). Gráfico extraído do twitter do Robin Brooks, Chief FX Strategist do Goldman Sachs.
A ideia é alertá-los, sim, do risco (que sempre existiu), mas dizer que as empresas estão produzindo, crescendo, contratando. Já viu o resultado trimestral das companhias? Já olhou pro lado?
Ah, o ativo subjacente! Muita gente esquece que ele existe.
Momentos doloridos, como aqueles 30 segundos de prancha ou abdominal na academia, custam a passar. O tempo acelera quando estamos, por outro lado, fazendo algo que gostamos de fazer.
Essa volatilidade, essa queda momentânea da sua carteira parece o exercício da academia. Interminável. Demora uma eternidade para passar. Faz parte. Aprenda com isso.
Ao invés de olhar para a tela do Home Broker, olha pro lado. Olha o balanço das empresas…. A vida real é diferente.
“A minha alucinação é suportar o dia-a-dia,
E meu delírio é a experiência com coisas reais”
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