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3 de junho de 2021

4 Minutos de leitura

Ibovespa na Máxima Histórica! Você Consegue Explicar?

 

“So you think you can tell
Heaven from hell?
Blue skies from pain?
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?”

(Wish You Were Here – Pink Floyd)

 

Do you think you can tell? Ou melhor, será que você conseguiria explicar a máxima histórica do índice Bovespa em meio à maior crise sanitária do planeta? Mesmo com o grau exemplar (sic) de condução da crise? Mesmo com ativos ligados à economia real (varejo, shoppings, construção civil) performando tão mal?

É relativamente simples de entender. A Vale, assim como outras empresas semelhantes de commodities contribuíram sobremaneira com a alta do índice, puxando o Bovespa para cima, mesmo com uma performance bem negativa de outros players (principalmente do setor de varejo).

Fonte: Apen Capital

Em outras palavras, a alta de quase 50% do Índice no acumulado de 12 meses se deve à alta expressiva de algumas ações específicas, em especial a Vale, que contribuiu com quase 40% da alta no período. Se ajustarmos o índice excluindo os players acima (que contribuíram, somados, com 83% da alta total), teríamos o índice acumulando uma alta de pouco menos de 10% nos últimos 12 meses, fechando em aproximadamente 95 mil pontos.

O que quero dizer com isso? Que, a despeito do índice nas alturas, muitas empresas ainda negociam a preços de crise. Esse é o fato concreto.

Você pode me perguntar: Gustavo, mas 95 mil pontos ainda não é caro? Em 2016 estávamos a 45 mil pontos!

Para esse questionamento, podemos fazer um exercício. Vamos voltar no tempo. Mais precisamente para o dia de hoje em 2007 (03/06/2007). Ibovespa negociava a aproximadamente 52 mil pontos. Se ajustássemos o mesmo índice pela inflação no período, teríamos um número próximo de 110 mil pontos. Ou seja, parece fair e bem interessante o índice ainda neste patamar de 95 mil pontos (ex-Vale, Petro e demais nomes mencionados aqui).

De uma forma até mais simplificada, também podemos verificar o Ibov em USD:

 

É uma forma de vermos o índice “desinflacionado”, uma vez que o dólar acumula, historicamente, uma inflação bem abaixo do BRL (Real).

Isso posto, cabe ainda ressaltar dois pontos: a) O índice nesse período não é mais o mesmo. Não temos um peso tão grande em nomes como OGX e a participação de sólidas instituições financeiras passou a ser bem mais relevante. b) Não faz sentido as empresas, de modo geral (especialmente aquelas que compõem o índice, grandes instituições de referência no país) entregarem retorno, ao longo do tempo, de algo próximo à inflação. Essas mesmas empresas, se bem escolhidas, performam bem melhor, pagando ao acionista o que pode ser considerado uma proxy de ROE/ROIC. Essas duas considerações fazem com que o índice pareça de fato mais atrativo e, sem dúvida, ele é um grande balizador para um posicionamento maior/menor em bolsa.

Ah, não custa lembrar. Quando as commodities vão bem, o Brasil quase invariavelmente vai bem (independente de quem esteja no poder). Somos um país ainda muito dependente desses ciclos, que sempre vêm e vão. Dessa vez, no entanto, em função da crise do COVID19 e de suas graves consequências, o mercado têm precificado bem empresas que se beneficiam do setor diretamente ligado às commodities em detrimento de outros, já mencionados.

So, what have we found?
The same old fears. The same old… Commodities.

Nas próximas semanas, vou falar de uma coisa que parece bem contraditória: Como o dólar mais alto pode ser o principal responsável para que o mesmo dólar fique mais barato mais na frente?? Falarei de um efeito chamado Dutch Disease. Acompanhe nosso trabalho por aqui e pelo telegram e fique ligado!

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